quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

When the time comes...


90 anos. Primeiro saíram as gargalhadas. As graças sobre o Álvaro. E no meio de todas era a que sobressaía pela sua vivacidade. Os cremes Chanel que a faziam aparentar com menos 20 anos. A preocupação com a roupa que iria vestir no dia seguinte porque não podia ir mal-vestida. Ainda que este ir fosse apenas descer ao rés-do-chão. A implicância com as refeições, nunca era pouco, mesmo uma colher já era muito. E ela ainda continua do mesmo modo. Este texto não é no passado porque ela partiu, mas porque ela mudou. 
Quando a noite caí, surgem das sombras os medos. Medos que nem a música do pequeno rádio com que tenta dormir em cima da testa conseguem dissipar. E  é um terror que a faz gritar todas as noites e que só acabam com o milagroso comprimido. Umas vezes verdadeiro, outras apenas um engano saudável. E estas noites afectam o seu dia-a-dia. De vez em quando surge um momento à antiga e volta a abrir o sorriso e a gargalhada sai facilmente. Para logo depois diminuir como se algo prendesse a liberdade que parecia tão livre há uns dias.
90 anos. Que quer que sejam 100. Que quer que sejam eternos...

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